Real GaNa
 
10 de Novembro de 2007

A Medicina é - diz quem a pratica - a mais bela das profissões. Quem a exerce sabe que cada vez mais deve estar atento à qualidade da comunicação que mantém com o paciente como parte primordial de todo o projecto terapêutico: saber escutar o doente, entender as suas formas de expressão e saber transmitir em termos simples e directos aquilo que pensa e aquilo que pretende que o doente assimile e ponha em prática, sem recorrer ao linguajar hermético e técnico que caracteriza alguns sectores da classe médica, é para o clínico muito mais de meio caminho andado para o sucesso...

'O doente que tem que contar em minutos os males de um 'maldito corpo que não corresponde aos desejos da alma' está sujeito alapsus linguae, frutos da atrapalhação, da timidez, do incómodo de ali estar perante o médico. Compreendamo-lo pois com bom humor!'


Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista da mui nobre e Invicta cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro 'A Medicina na Voz do Povo', com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina. E dele não resisti a extrair verdadeiras jóias deste tão pouco conhecido léxico que decidi compartilhar convosco.

O diálogo com um paciente com patologia da boca, olhos, ouvidos, nariz e garganta é sempre um desafio para o clínico:

'A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece, com sua licença, espermatozóides'.

'Quando me assoo dou um traque pelo ouvido, e enquanto não puxar pelo corpo, suar, ou o caralho, o nariz não se destapa'.

'Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho'.

'Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido'.

'Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída'.

'Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saiam'.

'Tenho a língua cheia de Áfricas'.

'Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor'.

'O dente arrecolhia pus e na altura em que arrecolhia às imidulas infeccionava-as'.

'A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor'.

As perturbações da fala impacientam o doente:

'Na voz sinto aquilo tudo embuzinado'.

'Não tenho dores, a voz é que está muito fosforenta'.

'Tenho humidade gordurosa nas cordas vocais'.

'O meu pai morreu de tísica na laringe'.

Os 'problemas da cabeça' são muito frequentes:

'Há dias fiz um exame ao capacete no Hospital de S. João'.

'Andei num Neurologista que disse que parti o penedo, o rochedo ou lá o que é...'.

'Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós'.

'Vem-me muitos palpites ruins, assim de baixo para cima...'.

'A minha cabecinha começa assim a ferver e fico com ela húmida, assim aos tombos, a trabalhar'.

'Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal'.

Os aparelhos genital e urinário são objecto de queixas sui generis:

'Venho aqui mostrar a parreca'.

'A minha pardalona está a mudar de cor'.

'Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas'.

'Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza'.

'Fazem aqui o Papa Micau (Papanicolau)?'

'Quantos filhos teve?' - pergunta o médico. 'Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três'.

'Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma foda mal dada'.

'Tenho de ser operado aostick . Já fui operado aos estículos'.

'Quando estou de pau feito... a puta verga'.

'O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã'.

As dores da coluna e do aparelho muscular e esquelético são difíceis de suportar:

'Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta'.

'O pouco cálcio que tenho acumula-se na fractura'.

'Já tenho os ossos desclassificados'.

'Alem das itroses tenho classificação ossal'.

'O meu reumatismo é climático'.

'É uma dor insepulcrável'.

'Tenho artroses remodeladas e de densidade forte'.

'Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala'.

O português bebe e fuma muito e desculpa-se com frequência:

'Tomo um vinho que não me assobe à cabeça'.

'Eu abuso um pouco da água do Luso'.

'Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool'

'Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem'.

'Eu sou um fumador invertebrado'.

O aparelho digestivo origina sempre muitas queixas:

'Fui operado ao panquecas'.

'Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina'

'Ando com o fígado elevado. Já o tive a 40, mas agora está mais baixo'.

'Eu era muito encharcado a essa coisa da azia'.

'Senhor Doutor a minha mulher tem umas almorródias que com a sua licença nem dá um peido'.

'Tenho pedra na basílica'.

'O meu marido está internado porque sangra pela via da frente e pinga pela via de trás'.

'Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer papa'.

'Fiz uma mamografia ao intestino'.

'O meu filho foi operado ao pence ( apêndice) mas não lhe puseram os trenos ( drenos ), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda)'.

Os medicamentos e os seus efeitos prestam-se às maiores confusões:

'Ando a tomar o Esperma Canulado'- Espasmo Canulase

'Tenho cataratas na vista e ando a tomar o Simião' -Sermion

'Andei a tomar umas injecções de Esferovite' -Parenterovit

'Era um antibiótico perlim pim pim mas não me fez nada' -Piprilim

'Agora estou melhor, tomo o Bate Certo' -Betaserc

'Tomo o Sigerom e o Chico Bem' - Stugeron e Gincoben

'Ando a tomar o Castro Leão' -Castilium

'Tomei Sexovir' -Isovir


'Tomo uma cábulas à noite'.

'Tomei uns comprimidos 'jaunes', assim amarelados'.

'Tomo uns comprimidos a modos de umas aboborinhas'.

'Receitou-me uns comprimidos que me põem um pouco tonha'.

'Estava a ficar com os abéticos no sangue'.

'Diz lá no papel que o medicamento podia dar muitas complicações e alienações'.

'Quando acordo mais descaída tomo comprimidos de alta potência e fico logo melhor'.

'Ó Sra. Enfermeira, ele tem o cu como um véu. O líquido entra e nem actua'.

'Na minha opinião sinto-me com melhores sintomas'.

O que os doentes pensam do médico:

'Também desculpe, aquela médica não tinha modinhos nenhuns'

'Especialista, médico, mas entendido!'.

'Não sou muito afluente de vir aos médicos'.

'Quando eu estou mal, os senhores são Deus, mas se me vejo de saúde acho-vos uns estapores'.

'Gosto do Senhor Doutor! Diz logo o que tem a dizer, não anda a engasular ninguém'.

'Não há melhor doente que eu! Faço tudo o que me mandam, com aquela coisa de não morrer'.

Em relação ao doente o humor deve sempre prevalecer sobre a sisudez e o distanciamento. Senão atentem neste 'clássico':

'Ó Senhor Doutor, e eu posso tomar estes comprimidos com a menstruação?

Ao que o médico retorque: 'Claro que pode. Mas se os tomar com água é capaz de não ser pior ideia. Pelo menos sabe melhor.'
publicado por Real GaNa às 21:53 link do post
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22 de Outubro de 2007

Capitalismo ideal
Você tem duas vacas.
Vende uma e compra um boi.
Multiplicam-se e a economia cresce.
Você vende a manada e fica rico.
Aposenta-se.
 
Capitalismo americano:
Você tem duas vacas.
Vende uma.
Força a outra a produzir o leite de quatro vacas.
Fica surpreendido quando ela morre.
 
Capitalismo japonês:
Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam vinte vezes mais leite.
Cria desenhos de vaquinhas chamados VAQUIMON e vende-os para o mundo inteiro.
 
Capitalismo inglês:
Você tem duas vacas.
Ambas são loucas.
 
Capitalismo holandês:
Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas em União de Facto, não gostam de bois e estão no seu direito.
 
Capitalismo alemão:
Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma precisa e lucrativa.
Porém, o que você queria mesmo era criar porcos.
 
Capitalismo russo:
Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem quarenta e duas.
Torna a contar e verifica que afinal só tem doze.
Pára de contar e abre outra garrafa de vodka.
 
Capitalismo suiço:
Você tem quinhentas vacas mas nenhuma é sua.
Cobra uma comissão para tomar conta delas.
Capitalismo espanhol:
Você tem duas vacas.
Tem muito orgulho nelas.
 
Capitalismo brasileiro:
Você tem duas vacas.
Reclama porque a manada não cresce.
 
Capitalismo indiano:
Você tem duas vacas.
Ai de quem tocar nelas...
 
Capitalismo português:
Você tem duas vacas.
Uma delas é roubada por alguém - até hoje não se sabe quem.
O Governo cria o IVVA - Imposto de Valor Vaccum Acrescentado.
É multado por um fiscal porque, embora você tenha pago o IVVA, o valor de cálculo era o número presumido de vacas e não o número real.
O Ministério das Finanças através de dados presumidos do seu consumo de leite, leite, sapatos de couro e botões presume que você tem duzentas vacas.
Para se livrar do sarilho oferece a vaca que lhe resta ao inspector das Finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...
 
publicado por Real GaNa às 16:01 link do post
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02 de Julho de 2007

"São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje. Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc.  Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar. Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a  ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela? Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo, bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era  um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.

Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de crédito, a Internet! Quantas horas de paz a sós  e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia! Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre "vamos conquistar o nosso espaço" Que espaço?! Que caraças!

Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés!!! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão??? Nosso espaço???!!! Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz. Essa piada... , acabou por encher-nos de deveres.
E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!!!!Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos? A quem ocorreu tal ideia?

Vejam o tamanhão dos bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem.
Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber agua a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho.

E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!! Tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo!

E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfuma das, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!!!!

Que desastre!
Não seria muito melhor continuar a cozer numa cadeira?? Basta!!! Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!

Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles??
Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama...Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Quero um maridinho que chegue do trabalho, que se sente ao sofá e me diga: Meu amor não me trazes um whisky por favor? ou: O que há para jantar? Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa.

Pensas que estou a ironizar ou a exagerar? Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas liberais.... e idiotas! Estou a falar muito seriamente:

Abdico do meu posto de mulher moderna."

E digo mais:

A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens
esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa!

Agora somos iguais a eles!

Ai ai!!!
publicado por Real GaNa às 10:30 link do post
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